domingo, 31 de março de 2013

Que desejar? Que pensar? Que fazer?

Eu tava caminhando por Barcelona um dia desses qualquer. Não me lembro se fazia uma caminhada, a milésima tentativa de começar um exercício físico regular ou tava indo de um lugar pra outro. Faz algum tempo, eu decidi que se o trajeto demora meia hora ou menos, vou a pé ou de bicicleta. Não é o mesmo que um exercício físico regular, mas, dá algum resultado ilusório. Vi um cartaz pendurado num poste com algumas perguntas que também me incomodavam há algum tempo: que pensar? Que desejar? Que fazer? Era uma exposição de arte contemporânea, dessas que eu nunca quero muito ir porque, como diz uma amiga minha: eu não alcanço... Resolvi ir com outra uma amiga, de bobeira, assim como quem não quer nada. Tava perto de casa e era grátis. Muitos motivos juntos pra ter alguma desculpa de não ir... O principal frenesi da sala era uma instalação bem colorida. Fui chegando perto pra ver o nome do/a artista e pensei até que a moça fosse tipo alemã ou austríaca: Rivane Neuenschwander. Que nada!!! A moça é de Belzonte (Belo Horizonte). Opocevê... Pensei: Que bonito, gente!!! Estudou lá na UFMG e expõe em Inhotim e coisa e tal. Chique! A instalação se chama: Eu desejo o seu desejo (2003-2013) e está composta por cem mil fitinhas, estilo senhor do Bonfim, onde a artista pediu pras pessoas escreverem seus desejos. Cada desejo foi impresso nessas fitinhas e os visitantes podem escolher um desses desejos e levar a fitinha pra casa ou botar no braço ou no tornozelo e fazer aqueles três pedidozinhos. Dessa forma, o desejo de uma pessoa passa a ser o desejo de outra também. É um mural enorme. Alguns desejos são engraçados, tipo: “quero viajar numa bola de sabão”. Outros são reivindicativos de miss universo: “quero a paz mundial”. Outros são super pessoais: “quero que meus pais falem comigo”. O moço que toma conta desse mural veio zangar comigo, me proibindo de tirar foto. Mas, foi bom que ele explicou que, como éramos duas pessoas, o mais interessante seria fazer como um jogo e que eu escolhesse um desejo pra minha amiga e ela, um pra mim. Assim, nos separamos e fomos cada uma prum canto da parede, do lado oposto. Encontrei o desejo que eu queria pra ela e vi que ela caminhava em minha direção com meu desejo escondido na mão. Mas, eu vi. Era uma fitinha amarela, da mesma cor que a minha. Era o mesmo desejo: I wish all my wishes would come true (sim, estava em inglês. Também tinham outros em espanhol, catalão, português...). Olhei pra cara dela e ela pra minha. Ficamos tão felizes que fomos contar pro moço que toma conta do mural. Saímos dali acreditando em tudo e que tudo era possível. Sabíamos até o que pensar, o que desejar o que fazer. É como que se os desejos que coincidem fossem mais fortes...



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