domingo, 18 de novembro de 2012

Amigos portáteis




Eu queria que meus amigos fossem portáteis, tipo quando eu me mudasse de uma cidade pra outra, pudesse levar todos eles. Bom, pelo menos os da diretoria, né? Eu amo morar em Barcelona, mas, sinto falta de viver situações que sei que são possíveis apenas se determinadas pessoas estão ao meu lado. Mas, não. As pessoas têm essa mania de querer viver a vida delas mesmas, sendo independentes de mim e deixando-me sozinha aqui num domingo frio e melancólico.

Pra piorar ainda mais a situação, tem aquelas músicas que te fazem arrepiar (poner la piel de galina - adoro esta expressão!) e insistem em te emocionar quando tocam de repente na radio. As músicas têm essa mania, fazer a gente lembrar coisas, lugares, pessoas, cheiros. Eu lembro-me da primeira vez que entendi At the indie disco (Bang goes the knighthood - The Divine Comedy – 2010). Porque claro, eu ficava me lembrando de quando me preparava toda a semana pra aquele dia específico, onde iria encontrar com meus amigos de sempre pra ir naquele bar de sempre, escutar aquelas músicas de sempre e dançar até o dia amanhecer ou não. Até roupinha nova, eu botava (às vezes).

E sempre reclamávamos que não havia nada diferente pra fazer na cidade. Agora, descobri que os domingos do Milk Shake e do Mezanino, as Sextas Culturais ou do Muzik, os sábados do Marrakech ou do 620, as quintas da Clave do Sol eram dias especiais: sentar naquela mesinha do canto e esperar o garçom já conhecido trazer garrafas e mais garrafas de cerveja, ficar procurando aquela pessoa que a gente paquera há cinquenta anos e não tem coragem de dizer, falar sobre bobagens e rir delas e de nós mesmos, ficar alegre até querer dançar sem medo, depois voltar pra casa com frio ou muito calor. Ou não voltar pra casa porque o sol já vai nascer. Ainda bem que eu posso lembrar de tudo isso (mais ou menos porque minha memória não é lá essas coisas...). Continuo feliz com os amigos daqui também, mas, às vezes, procuro por minha indie disco.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Histolias de ônibus - Palte 2




Um conto chinês

Dessa vez, lemblo-me bem. Ela um feliado e estava no ponto de semple, espelando o ônibus do bailo, aquele que semple atlasa. O lance é que nesse ponto, eu também posso pega o ônibus vinte e quatlo, que tem um tlajeto muito especial: passa pela plaça Catalunha, a zona centlal de Balcelona e vai até o Palk Guell, onde eu tlabalhava. Semple está cheio de tulistas.

Acontece que não passava nunca, nenhum ônibus. Eu tava tlanquila polque sabia que ela assim e as pessoas do meu tlabalho já tinham uma celta tolelância com atlasos po causa dos ônibus. O Palk Guell fica em uma zona afastada do centlo da cidade e chega até lá é um pouco difícil. Na veldade, o Palk foi cliado para ser uma espécie de condomínio afastado da cidade pla pessoas licas. Só que as oblas tiveram que se intelompidas polque já não elam mais viáveis. Isso é uma outla histólia...

Voltando ao ponto de ônibus, depois de muita espela, veio um vinte e quatlo, mas, tava tão cheio, tão cheio que passou dileto. Foi nesse momento que uma chinesinha que tava do meu lado não aguentou e explodiu de laiva:

- Madle mia!!!! Está tan lleno que no able la puelta...Madle mia...

Saiu fuliosa pla outlo ponto de ônibus e eu quase tive um ataque de lisa. Depois, uma amiga descendente de japoneses, explicou-me que os chineses não conseguem fala o "ele" e os japoneses não conseguem fala o "ele"... E eu já não consigo escleve de otla maneira... Acho que só o Cebolinha pode me entende...

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Histórias de ônibus - Parte 1



Era um dia chuvoso de um domingo ou um feriado. Não me lembro. Estava no ponto esperando o ônibus do bairro, que tem uma característica muito especial: sempre atrasa. Chovia muito e eu tava de mau humor. Sabe aqueles dias que você não quer falar? Pois era um desses. Não tinha ninguém mais comigo, tava sozinha. Isto por um lado era bom porque eu não queria falar com outras pessoas. Só pensava: que merda! Eu aqui nessa chuva, esperando um ônibus que nunca vem e tendo que trabalhar num dia que todo mundo tá em casa... Por que não pertenço ao mundo melhor, aquele que é caríssimo? Finalmente, chega o tal do ônibus do bairro, atrasado of course. Entrei e passei o cartão com aquela vontade incrível de ir pro fundo, sentar-me e esperar que chegasse o lugar onde deveria descer. Não foi bem assim que aconteceu. Só então, eu percebi que a motorista era uma mulher que eu nunca tinha visto dirigindo o ônibus do bairro. Sim, eu conheço quase todos os motoristas depois de quase cinco anos subindo e descendo com eles. Tem o gordito que é apaixonado por uma amiga; o simpático que parece querer ser amigo de todo mundo; o de óculos que cumprimenta, mas, num tá muito a fim de papo e outros dois ou três. Há também outra mulher, mas, essa que tava dirigindo nesse momento, eu não conhecia e não tinha muita vontade de conhecer também não.
Só que ela me surpreendeu com uma pergunta super estranha. O ônibus estava vazio e ela me solta esta:
- Você pega sempre este ônibus?
- Como?
- Sim. Você pega sempre este ônibus? Sabe o trajeto dele?
- Que? Não entendo sua pergunta...? - Nesse momento, pensei: meu deus, tô esquecendo o castelhano... Não entendo o que ela fala... Só que eu não tinha entendido nada errado. A pergunta era essa mesma.
- É que hoje é meu primeiro dia e eu não sei o trajeto. Tenho esse mapa - que me mostrou – mas, não consigo entender pra onde devo ir...
- Como? - Eu não podia acreditar... Ela não sabia aonde ir com o ônibus e eu atrasada e de mau humor...
Bom, tive que ficar do lado dela dizendo: vire aqui, vire ali, aqui tem um ponto... E alertei:
- Eu só sei o caminho até onde eu desço. Depois, não tenho idéia.
- Não importa. Depois, eu me viro.
Nunca mais vi essa motorista por ali...

domingo, 4 de novembro de 2012

Cuidado!!!

Atenção usuários de drogas e da internet, navegantes da rede e de navios!

Eu minto em primeira pessoa e crio verdades em terceira. Também em vice-versa!

Começamos.